A rainha Nery e o reino sem papel
Num reino encantado havia uma rainha muito inteligente e sábia chamada Nery. Um dia todo o papel em branco do reino acabou. Os súditos vieram até a rainha e perguntaram:
_ Rainha, e agora o que faremos sem papel?
A rainha, tão inteligente como era logo teve uma ideia. Pegou uma bacia e colocou sobre a mesa. Então disse “piquem o papel usado e coloquem aqui”. Dois súditos se levantaram e picaram o papel. Então terminaram e se sentaram.
A rainha disse: “agora coloquem água”. Duas súditas se levantaram e colocaram água na bacia e voltaram a se sentar.
A rainha tornou a falar: “agora precisamos mexer”. Então um súdito pegou uma concha e mexeu o papel ate ele derreter. Terminou e se sentou.
A rainha disse “está quase pronto, só falta amassar”. Uma súdita veio e amassou, amassou, amassou. Terminou e sentou.
A rainha então pegou uma peneira. Pegou a massinha de papel e espalhou na peneira apertando pra sair à água. Então se sentou também.
O sol fez seu caminho e o tempo passou( aluna vestida de Sol atravessa o palco). Logo a massinha tinha secado. Então a rainha foi até a peneira e pegou o que havia lá. Ela estendeu diante do seu povo um papel branquinho, pronto pra se escrever nele.
Nossa rainha Nery, tão inteligente que era, acabou de ensinar as pessoas do reino como fazer papel reciclado.
-Uso de teatro no espaço escolar-
A peça de Teatro desempenho ação educacional em pelo menos três campos: o do entendimento da questão ecológica, a dinâmica da atuação e do estilo literário teatral e a autoestima do aluno.
A proposta de reciclagem apresentada através da personagem rainha Érica é real, assim aproxima-se das possibilidades dos alunos e pode ser desenvolvida de forma prática com os alunos. A consciência ecológica é despertada levantando questionamentos como “porque será que acabou todo o papel em branco do reino?”, “ o que as pessoas poderiam ter feito para evitar isso?”, “ como nós podemos fazer pra cuidar do nosso papel?”, entre outros.
Na dinâmica de atuação trabalhamos com os alunos a dramatização, o que tem significativo efeito sobre o extravasamento das emoções e da capacidade do expressar-se. Além disso, temos a apresentação da estrutura do estilo literário que compõe a peça de teatro. Não necessariamente pontuando detalhes técnicos, mas de forma sutil apresentando características como as marcações que indicam fala (aspas, travessão). A relação de comando das ações feita pelo narrador, as características dos personagens.
Por fim, e não menos importante, coloco a questão da autoestima. E explico: muitos alunos não conseguem se destacar pelo desempenho escolar relativo a fazer as atividades propostas com excelência e isso machuca suas personalidades. Muitos carregam desde casa os estigmas de serem chamados de “burros, lerdos, incapazes” e muitas vezes o professor reproduz esses mesmos insultos que tanto maltratam o “eu” do aluno. Eu sempre mantenho em minha sala de aula atividades práticas, de manipulação de material concreto, de ir ao quadro, de falar, sugerir, contar coisas e através disso todos os alunos podem se destacar. No campo do teatro isso é ainda mais especial quando podemos trazer os pais para assistir, podemos imaginar aquele pai ou mãe que chama o filho de incapaz, mas que ao ir a escola vê seu filho atuando de maneira brilhante na peça de teatro. Esses pais vão ver o filho de uma maneira positiva, e o filho vai sentir-se orgulhoso de si mesmo. Também já tive a desagradável experiência do filho se apresentar e os pais não aparecerem na escola, isso é devastador pra criança e cabe ao professor também saber lidar com essa situação. Uma sugestão é o próprio professor deixar claro pro aluno que está orgulhoso dele e de que ele é muito capaz. Sempre que possível frise para os pais a importância da presença deles na vida escolar dos filhos.
---O aluno como é ele---
Tenho aluno que corre, que anda, que fica quieto, que tem alma de roda gigante. Lidar com a diversidade de uma sala de aula não é tarefa tão fácil, mas precisa ser feito. Há quem tente a qualquer custo podar crianças, amassa-las até enquadra-las uniformemente num padrão. Isso não funciona, é como se você tentasse enfiar o mundo numa caixinha, uma hora a caixa ia se rasgar.
Uma maneira eficaz para iniciar o processo de organização de uma turma, isto é, de organizar-se na regência que tornará o espaço agradável ao ensino, é o aceitar. Quando o professor aceita que os alunos são todos diferentes, que a heterogeneidade é inevitável e que nem sempre os alunos corresponderão à sua ideia de “aluno modelo” o trabalho é facilitado, mais do que isso, o trabalho se torna possível. Sabe aquele aluno que na para sentado? Então, isso é característico dele, a mesma coisa acontece com o aluno quietinho e assim por diante. Dentro do entendimento do “eu” de cada um deve desenvolver estratégias para que todos possam conviver e aprender.
Falando da minha própria sala de aula eu posso dizer, há ali uma diversidade imensa que eu recebo, hoje, como um presente. Cada qual com sua característica e preciosidade. Eu tenho aqueles que estão aprendendo rápido, os que aprendem devagar, os que aprendem de um jeito, os que aprendem com estratégias e adaptações, tenho um que precisa da língua de sinais, tenho os outros que mesmo sem ser surdos já aprenderam muitos sinais. E eu aceito todos eles.
A dica para qualquer professor recém-chegado na sala de aula é essa: conheça e aceite seus alunos. Tudo o que eu mencionei na proposta do teatro é valido aqui, precisamos fazer com que os alunos se destaquem para se mesmos e para os pais nas potencialidades que tem e ajuda- los nas dificuldades.
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