sábado, 12 de julho de 2014

Adaptação em Educação Especial e Inclusiva

>Este texto visa apenas expressar algumas opiniões. Não é um texto acadêmico com citações profundas discussões. Serve apenas para puxar algumas reflexões. <



Falar de inclusão escolar sempre trás uma serie de discussões, muitas vezes repetitivas e sem um fim satisfatório. Há tantas dissidências e poucas respostas razoáveis. Apresentam-se ideais diferentes, parciais ou opostas:

1.       Não deve haver inclusão de alunos com necessidades educacionais nas escolas regulares;
2.       Deve haver a inclusão;
3.       Só deve haver inclusão se houver um auxiliar de classe;
4.       Para haver inclusão devem-se adaptar conteúdos, trabalhando-se de forma diferenciada com estes alunos na sala regular;
5.       Não se devem trabalhar com materiais adaptados para um aluno apenas, pois isto o diferenciará dos demais, e não será então inclusão.

Com alguma ousadia eu venho dizer que grande parte dos discursos parte do principio do que é melhor para a pessoa que o pronunciou. Assim é comum ver quem defenda o item 5 apena por seu filho, ou aluno não necessitar de materiais adaptados.

Por experiência própria dos meus tempos como estagiário (e vale lembrar que fazem por ai extensa critica a estes, e eu entendo boa parte delas). Foi neste tempo que eu aprendi na pratica o que era adaptar uma aula. Não tinha todo conhecimento que tenho hoje, mas boa vontade e pesquisas me permitiram aprender muito. Eu trabalhava com o aluno num sistema de ilha, diga-se que não é o ideal. Porque ‘ilha’? No sentido de que eu observava a aula dada pelo professor regente e adequava a temática da aula de uma forma que o aluno, a quem eu acompanhava, pude-se se favorecer de alguma aprendizagem, sendo a atividade trabalhada com ele diferenciada. Percebi que nem sempre o que é ensinado para os demais alunos fará sentido se for ensinado da mesma forma ao aluno com necessidades educacionais especiais, uma vez que o próprio termo sugere que há nele necessidades especificas e diferenciadas. Uma analise simples:

O professor explica sobre frações. Tenho de apresentar algo que faça sentido para o aluno com deficiência intelectual. Eu optei por trabalhar o conceito de inteiro e metade. Uma vez que fração se refere a “uma parte de”. Assim contextualizei a atividade de acordo com o tema apresentado pelo professor regente, mas de uma forma que o aluno com D.I pudesse assimilar uma aprendizagem.
Não podemos pensar apenas no que é conveniente ou fácil. Há aqui também uma deturpação do termo “fácil”, porque as vezes é mais fácil fazer um trabalho que efetivamente surta efeito, do que fixar-se num trabalho inadequado e improdutivo. Seria utópico querer ensinar Bhaskara pra um aluno com D.I severa. Não faz sentido lutar para igualar quando a diferença só prejudica. Ainda sim podemos ofertar uma aprendizagem positiva para o aluno da maneira que melhor ele assimile. Eu acredito no item 4, deve sim haver a inclusão e a adaptação.

Para que o trabalho não seja desenvolvido em uma ilha, quase que separando o aluno com necessidades educacionais especiais dos demais alunos é preciso que haja uma parceria com o professor regente. O trabalho de Incluir é um trabalho amplo. Não se inclui um aluno, se inclui uma turma. Todos devem estar incluídos no processo de ensino-aprendizagem. No dialogo com o professor regente podem-se fomentar ações que promovam esta inclusão. Desenvolvendo ações que mostrem aos alunos a realidade das pessoas com deficiência, estimular o interesse em aprender e conhecer o outro ( atividade com toda a turma). No caso dos Surdos, por exemplo, trabalhar a relação da cultura Surda com a Cultura ouvinte. Inserir nos conteúdos de línguas e meios de comunicação a ideia de Língua Portuguesa e Língua de Sinais, indo também ao código Braille (cultura do deficiente Visual). Fazer atividades em que todos os alunos possam conhecer a Libras e o Braille.


                Seja com auxiliar de classe ou não, faz-se necessário que se adaptem as atividades, que se busquem metodologias adequadas. Dizer que diferenciar é prejudicial e não fazer nada que seja útil à aprendizagem do aluno é destrutivo. Quando se nega a fazer algo que seria útil, por achar que isto não responde completamente a pergunta, deve-se ao menos tentar oferecer uma resposta mais satisfatória. Não basta dizer “isso não”, tem de se buscar um “isso sim”. A própria LBD prevê estas adaptações.  


-- Augusto Junior de Oliveira

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