>Este texto visa apenas expressar algumas opiniões. Não é um texto acadêmico com citações profundas discussões. Serve apenas para puxar algumas reflexões. <
Falar de inclusão escolar sempre trás uma serie de
discussões, muitas vezes repetitivas e sem um fim satisfatório. Há tantas
dissidências e poucas respostas razoáveis. Apresentam-se ideais diferentes,
parciais ou opostas:
1.
Não deve haver inclusão de alunos com
necessidades educacionais nas escolas regulares;
2.
Deve haver a inclusão;
3.
Só deve haver inclusão se houver um auxiliar de
classe;
4.
Para haver inclusão devem-se adaptar conteúdos,
trabalhando-se de forma diferenciada com estes alunos na sala regular;
5.
Não se devem trabalhar com materiais adaptados
para um aluno apenas, pois isto o diferenciará dos demais, e não será então
inclusão.
Com alguma ousadia eu venho dizer que grande parte dos
discursos parte do principio do que é melhor para a pessoa que o pronunciou.
Assim é comum ver quem defenda o item 5 apena por seu filho, ou aluno não
necessitar de materiais adaptados.
Por experiência própria dos meus tempos como estagiário (e
vale lembrar que fazem por ai extensa critica a estes, e eu entendo boa parte
delas). Foi neste tempo que eu aprendi na pratica o que era adaptar uma aula.
Não tinha todo conhecimento que tenho hoje, mas boa vontade e pesquisas me
permitiram aprender muito. Eu trabalhava com o aluno num sistema de ilha,
diga-se que não é o ideal. Porque ‘ilha’? No sentido de que eu observava a aula
dada pelo professor regente e adequava a temática da aula de uma forma que o
aluno, a quem eu acompanhava, pude-se se favorecer de alguma aprendizagem,
sendo a atividade trabalhada com ele diferenciada. Percebi que nem sempre o que
é ensinado para os demais alunos fará sentido se for ensinado da mesma forma ao
aluno com necessidades educacionais especiais, uma vez que o próprio termo
sugere que há nele necessidades especificas e diferenciadas. Uma analise
simples:
O professor explica sobre frações. Tenho de apresentar algo que faça sentido para o aluno com deficiência intelectual. Eu optei por trabalhar o conceito de inteiro e metade. Uma vez que fração se refere a “uma parte de”. Assim contextualizei a atividade de acordo com o tema apresentado pelo professor regente, mas de uma forma que o aluno com D.I pudesse assimilar uma aprendizagem.
Não podemos pensar apenas no que é conveniente ou fácil. Há
aqui também uma deturpação do termo “fácil”, porque as vezes é mais fácil fazer
um trabalho que efetivamente surta efeito, do que fixar-se num trabalho
inadequado e improdutivo. Seria utópico querer ensinar Bhaskara pra um aluno
com D.I severa. Não faz sentido lutar para igualar quando a diferença só
prejudica. Ainda sim podemos ofertar uma aprendizagem positiva para o aluno da
maneira que melhor ele assimile. Eu acredito no item 4, deve sim haver a
inclusão e a adaptação.
Para que o trabalho não seja desenvolvido em uma ilha, quase
que separando o aluno com necessidades educacionais especiais dos demais alunos
é preciso que haja uma parceria com o professor regente. O trabalho de Incluir
é um trabalho amplo. Não se inclui um aluno, se inclui uma turma. Todos devem
estar incluídos no processo de ensino-aprendizagem. No dialogo com o professor
regente podem-se fomentar ações que promovam esta inclusão. Desenvolvendo ações
que mostrem aos alunos a realidade das pessoas com deficiência, estimular o
interesse em aprender e conhecer o outro ( atividade com toda a turma). No caso
dos Surdos, por exemplo, trabalhar a relação da cultura Surda com a Cultura
ouvinte. Inserir nos conteúdos de línguas e meios de comunicação a ideia de
Língua Portuguesa e Língua de Sinais, indo também ao código Braille (cultura do
deficiente Visual). Fazer atividades em que todos os alunos possam conhecer a
Libras e o Braille.
Seja
com auxiliar de classe ou não, faz-se necessário que se adaptem as atividades,
que se busquem metodologias adequadas. Dizer que diferenciar é prejudicial e
não fazer nada que seja útil à aprendizagem do aluno é destrutivo. Quando se
nega a fazer algo que seria útil, por achar que isto não responde completamente
a pergunta, deve-se ao menos tentar oferecer uma resposta mais satisfatória. Não
basta dizer “isso não”, tem de se buscar um “isso sim”. A própria LBD prevê
estas adaptações.
-- Augusto Junior de Oliveira
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